Em meio à páginas coladas com adesivos colecionáveis, fofocas sobre pessoas que já não conheço mais, e reclamações sobre o interminável período escolar, encontro em meu diário algum alento acerca das questões que me pesam hoje em dia. Sempre gostei muito de ler diários, pois creio que proporcionam uma visão íntima ímpar sobre o cotidiano da pessoa - que inevitavelmente leva à reflexões sobre o seu.
Resolvi reler alguns dos meus antigos diários, e encontrei uma reflexão que vale a pena trazer para vocês essa semana - principalmente sendo a semana do dia dos namorados.
"Outro dia eu ouvi dizer que os jovens não sabem atribuir o devido peso ao 'eu te amo'. Um emaranhado de palavras lindas para formar um pensamento tão tosco: 'peso do eu te amo'. Preciso te contar, caro desconhecido desiludido, que em nada me pesa as três palavras que recito ao meu avô quando lhe digo boa noite, à minha mãe quando desligo o telefone, aos meus irmãos e amigos sempre que há a oportunidade.
A regra - já que tanto lhe convém impô-las - é clara: só não vale mentir. Não usar o eu te amo só pra te livrar da briga, não atribuí-lo o peso da chantagem emocional. Pode-se até encurtá-lo: 'te amo' ou 'amo você', mas nunca para torná-lo menos importante e mais fácil de escapar-lhe os lábios mentirosos.
Pode-se, também, alongá-lo: 'eu te amo muito' ou 'eu te amo até o infinito', mas nunca por efeito dramático, ou para fingir um sentimento que não lhe é proporcional. Encurta-se o 'eu te amo' para encaixá-lo nas correrias do dia a dia, e alonga-se-o para preencher o outro com a mesma luz do sentimento que carregamos em nós. O tal do amor.
Não economize seus 'eu te amos'. Eles não são pesados, muito menos limitados. O sentimento é leve - embora completo e carregado - e deve ser expressado sem economias. Afinal, quando partimos, cada eu te amo que nos foi dito nos ajuda a flutuar até o paraíso, e cada um dito por nós mantém um pouco da nossa essência no coração de quem ele tocou.”